Levantamento de Seio Maxilar: Saiba mais sobre essa técnica de enxerto ósseo

Levantamento de Seio Maxilar: Saiba mais sobre essa técnica de enxerto ósseo

O levantamento do seio maxilar, também conhecido como enxerto ósseo para a elevação do assoalho do seio maxilar ou Sinus Lift, é um procedimento cirúrgico importante na odontologia e na implantodontia. Este post informativo visa explicar esse procedimento de forma acessível para o público, destacando sua importância e os benefícios que oferece e descrevendo a forma com que é realizado.

O que é o Seio Maxilar?

Os seios maxilares, também conhecidos como seios paranasais, são cavidades preenchidas com ar encontradas na região próxima ao nariz e à cavidade nasal.

Os seios maxilares são encontrados dentro dos ossos maxilares, que compõem a parte superior da maxila (arcada superior da boca) e estão posicionados de cada lado do nariz, acima dos molares superiores e dos pré-molares. Cada seio maxilar é uma cavidade oca revestida por uma membrana mucosa.

A principal função dos seios maxilares é servir como cavidade de ressonância vocal, ajudando a modular a qualidade do som produzido durante a fala. Além disso, eles desempenham um papel na redução do peso do crânio e na proteção dos olhos e do cérebro contra impactos.

O que é o Levantamento de Seio maxilar?

O Levantamento de Seio Maxilar um procedimento cirúrgico realizado em clínica odontológica pelo Cirurgião Dentista, preferivelmente por um especialista em Implantodontia ou Cirurgião Bucomaxilo Facial ou Periodontista. É uma técnica de enxerto ósseo que visa recuperar o volume ósseo normal que havia antes da perda de um ou mais dentes dessa região para a instalação de implantes dentários. O enxerto ósseo é inserido nessa cavidade oca que é o seio maxilar, onde estão planejados implantes dentários.

Por que e Quando o Levantamento do Seio Maxilar é Necessário:

Quando perdemos um dente na região de molares ou pré molares superiores, o osso que costumava sustentá-lo começa a atrofiar, desaparecer lentamente porque perde função (reabsorção óssea). Isso faz com que este osso onde a raiz do dente estava diminua e a cavidade oca desse osso se expanda para ocupar esse lugar.

Em outras palavras: O seio que é um espaço oco no osso maxilar acima dos dentes se expande e ocupa o lugar onde antes havia a raiz dentária. Isso é um problema para a realização de implantes dentários, porque eles precisam estar dentro de um osso forte para poderem se fixar. Para resolver isso, às vezes é necessário adicionar osso nessa área antes de colocar o implante dentário.

Benefícios, Indicações e Alternativas:

Em um passado não tão distante utilizamos com mais frequência os enxertos ósseos. Atualmente temos buscado cada vez mais as opções de carga imediata que é a confecção da prótese no mesmo dia ou em até 72 horas da cirurgia. Isso é mais possível em casos de reabilitações totais de uma arcada. No entanto para casos parciais ou unitários o levantamento de seio é uma excelente opção para instalação de implantes.

Em alguns casos não tão extremos poderíamos ter a alternativa de implantes bem curtos e largos mas a indicação é bem limitada sendo o levantamento de seio normalmente mais confiável por ser uma área onde há alta incidência de cargas mastigatórias, então costumamos buscar um maior reforço com implantes largos e de comprimento normal.

Como é realizado o Levantamento do Seio Maxilar?

Existem várias técnicas para realização do levantamento do seio maxilar. Abordaremos a seguir a técnica mais convencional e também por isso de eficácia bastante comprovada que é de abertura lateral:

Planejamento:

Após exame clínico (exame físico pelo dentista) o planejamento do levantamento de seio maxilar normalmente é realizado com radiografia panorâmica e/ou tomografia computadorizada. Para saber se o paciente está apto para cirurgia também são necessários a anamnese que é um questionário sobre a saúde e exames de sangue. Com tudo em mãos podemos agendar o procedimento. Prescrevemos medicamentos antes e depois da cirurgia.

Converse com seu dentista próximo para saber como vai ser o procedimento. Para a maior parte das pessoas e dos planejamentos pedimos que não vá em jejum (a não ser em casos que será realizada sedação medicamentosa onde é necessário o jejum e estar acompanhado). Os remédios de uso diário devem ser tomados normalmente (a não ser que seja pedido o contrário). Prefira roupas leves e confortáveis. Tente se desconectar por um tempo para cuidar da sua saúde e poder chegar calmo à clínica odontológica. Prepare-se para alguns dias de repouso.

Coleta de sangue para realizar o L-PRF

Na imensa maioria das vezes usamos o gel de plaquetas, tecnicamente chamado de Plasma rico em plaquetas e leucócitos (L-PRF). Então no início do procedimento realizamos a coleta de alguns tubinhos de sangue. Estes tubos vão para uma centrífuga onde são separadas as plaquetas. Este gel de plaquetas vai ser agregado ao enxerto ósseo.

Anestesia Local e Sedação

O paciente recebe anestesia local para garantir conforto durante a cirurgia. Opcionalmente podemos associar a sedação com óxido nitroso.

Acesso Cirúrgico:

O cirurgião faz uma pequena incisão na gengiva acima da área do seio maxilar e expõe o osso maxilar. Utilizando um ultrassom ou broca rotatória o cirurgião cria uma abertura na parede do osso maxilar e expõe a membrana interna.

Com muito cuidado, o cirurgião descola e levanta a membrana do seio maxilar do assoalho do seio, criando um espaço vazio.

Enxerto Ósseo:

O espaço vazio é preenchido com material de enxerto ósseo. Na nossa clínica raramente abrimos outra área do paciente para coletar osso. Pela minha experiência de mais de 20 anos realizando este tipo de cirurgia e já tendo usado diversos materiais, considero uma ótima opção o enxerto ósseo de origem bovina adicionado de gel de plaquetas coletadas do sangue do próprio paciente.

O gel de plaquetas (L-PRF) tem a função de acelerar a formação óssea e a nutrição sanguínea entre as partículas de osso bovino, e também emite sinais para atrair as células formadoras de osso. O osso bovino com o tempo será substituído pelo osso da própria pessoa.

Instalação dos implantes, duas alternativas:

01) Instalação do implante conjuntamente com o enxerto ósseo

Muitas vezes instalamos o implante dentário na mesma oportunidade do enxerto ósseo de levantamento do assoalho de seio maxilar. Isso depende de restar um volume ósseo mínimo para travar o implante na região. Neste caso o enxerto ósseo se solidifica junto ao implante o que é ótimo porque normalmente em seis meses já partimos para a prótese sobre implante. Antes de haver a técnica do gel de plaquetas (L-PRF) tinhamos que aguardar o dobro do tempo.

02) Instalação do implante posterior ao enxerto ósseo

(quando não é possível no mesmo momento):

Quando a perda óssea já está em um estágio mais avançado, às vezes sobrando poucos milímetros de osso, temos de fazer o enxerto ósseo e aguardar por 6 meses para a instalação do(s) implante(s). Em técnicas sem o uso do gel de plaquetas (L-PRF) pode ser necessário aguardar até 12 meses. Em alguns raros casos pode ser necessário complementar este enxerto ósseo no momento da instalação do implante. Neste caso partimos para a prótese após

Fechamento da Incisão:

A incisão é fechada com pontos. Na maior parte das vezes até incentivamos o uso de próteses removíveis ou fixas que podem ajudar a proteger a ferida.

Cicatrização:

Durante os próximos meses, ocorre a cicatrização e a integração do enxerto ósseo com o osso existente.

Pós-Operatório e Recuperação

No pós operatório imediato a cirurgia os cuidados são essenciais: Fundamental seguir as recomendações e prescrições medicamentosas individuais mas em geral o repouso é importantíssimo. Compressas e alimentação fria, líquida/ pastosa nas primeiras 48 horas. Após este período introduzir as compressas e alimentação morna. Não viajar de avião (ou submarino ;D ) por pelo menos um mês, já que a compressão da cabine pode ser prejudicial. Não ficar cuspindo e não ficar assoando o nariz. Evite fumar.

Confecção da prótese sobre implantes

Após o período mínimo de 6 meses da instalação do implante realizamos o início da prótese e neste caso podemos instalar um provisório fixo neste implante até que fique pronta a prótese em cerâmica. Em alguns casos podemos realizar a carga imediata dependendo do remanescente ósseo inicial, do travamento do implante e da necessidade do cliente de provisório fixo.

Manutenções regulares preventivas e cuidados diários:

Como qualquer outra modalidade de implantes dentários são necessários cuidados diários, escovação e fio dental e manutenções preventivas regulares com o dentista.

Conclusão e estado da arte:

O Levantamento do seio maxilar é uma técnica importante com ampla comprovação científica de décadas e em alguns casos é inevitável quando se pretende instalar implantes na região de pré molares ou molares superiores.

Este procedimento exige um tempo de cicatrização de alguns meses então sempre que possível buscamos alternativas mais rápidas como a carga imediata evitando as reconstruções mais demoradas.

Posso esclarecer mais alguma dúvida? Ficarei feliz em te responder e ainda complementar este material.

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Referências Bibliográficas:

• Este estudo pioneiro descreveu a técnica de enxerto ósseo no seio maxilar, estabelecendo as bases para muitas abordagens subsequentes: Boyne, P. J., James, R. A. (1980). Grafting of the maxillary sinus floor with autogenous marrow and bone. Journal of Oral Surgery, 38(8), 613-616. PMID: 6993637
• Este artigo discute as indicações e os benefícios do levantamento do seio maxilar antes da colocação de implantes dentários.: Raghoebar, G. M., et al. (2003). Maxillary sinus floor elevation: a valuable pre-prosthetic procedure. Periodontology 2000, 33(1), 89-101. PMID: 10337323
• Uma revisão sistemática que avalia a eficácia do levantamento do seio maxilar com base em evidências científicas: Esposito, M., et al. (2010). Effectiveness of sinus lift procedures for dental implant rehabilitation: a Cochrane systematic review. European Journal of Oral Implantology, 3(1), 7-26.  PMID: 20467595
• Este estudo apresenta a tecnologia por trás do L-PRF e sua evolução como uma segunda geração de concentrados de plaqueta: Choukroun, J., et al. (2001). Platelet-rich fibrin (PRF): a second-generation platelet concentrate. Part I: Technological concepts and evolution. Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology, Oral Radiology, and Endodontology, 101(3), e37-e44. PMID: 16504849